A língua é desprovida de ideologismo?

A expressão politicamente correto enraizou-se no inglês nas chamadas guerrasculturais dos anos de 1980 a 1990 nos Estado Unidos. Essa expressão foiinicialmente aplicada ao viés linguístico, porém adquiriu no decorrer dos anosum ideologismo muito mais amplo. A linguagem traz consigo todo um processohistórico e um sentido sociocultural atrelada em si.

O movimento politicamente corretotrata a respeito de uma análise da utilização de termos em discursos, quecarreguem algum tipo de carga histórica significativa, que possa favorecer ouinferiorizar algum grupo social. É factual que as palavras não são inocentes eesvaziadas de sentido. Porém será que uma examição detalhista da significânciadas palavras não nos subtrairia a liberdade?

É perceptível que o movimentopoliticamente correto tem adquirido um certo caráter totalitário. Qualquerpessoa que se atreva a desafiar os códigos verbais estabelecidos em supostobenefício ou malefício de certos grupos arrisca-se a sofrer punições até mesmo decunho judicial. Mas o movimento também tem provocado na sociedade uma reflexãosobre a ideologia histórica que certas palavras têm, e suas aplicações nodia-a-dia.

O caráter muitas vezestotalitário pode sim realizar certa distorção discursiva. Mas infelizmente acarga sociocultural que o Brasil possui, a despeito de sua história, faz comque pobreza e subalternidade no Brasil tenham um nome, e este nome é negro. Aformação da sociedade brasileira, por diversos motivos, criou sim umaestratificação social. A sociedade brasileira possui sim uma dívida com essesgrupos sociais que durante o período em que se constituiu o Brasil foramsubalternizados.

É também inegável a naturezadinâmica da linguagem, com sua permanente modificação de formas e sentidos. Alíngua é formada por quem a utiliza, e os processos históricos do país temconduzido a sociedade à utilização de alguns termos de forma pejorativa.

É notório que a língua, durantetoda a história, não foi e nem será um instrumento neutro. Este enunciadotangência uma discussão muito mais profunda do que se imagina. Não se tratasomente de que o indivíduo que utiliza este recurso não é neutro, mais que aestruturação, a entonação e o vocabulário utilizado não é também isento de umasignificância mais profunda.

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