Archive for 2012

Valores de papel

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          “Em muitos lares mexicanos os champanhes estouraram comemorando a chegada do ano novo e a entrada em vigor do Nafta (North American Free Trade Agreement) ou TLC (Tratado de Livre Comércio) ... A tão anunciada porta para o chamado primeiro mundo, como não cansou de propagandear o governo do então presidente mexicano Carlos Salinas de Gortari, eleito em 1988.

Mas naquela mesma madrugada de festa, das entranhas do esquecido México profundo, no coração da longínqua selva lacandona, milhares de mestiços e índios das etnias tzotzil, tzeltal, tojolabal, chol, mame e zoque, herdeiros da cultura maia, desceram das montanhas para ocupar várias cidades e localidades do empobrecido Estado de Chiapas.”

Pedro Henrique Falco Ortiz inicia sua resenha “Das montanhas mexicanas ao ciberespaço”, referenciada à EZLN, com os dois parágrafos precedentes. Torna-se evidente a conformação de duas cosmovisões antagônicas. Uma transpassa o estereótipo do dominador, que se apossa de artifícios propagandistas a fim de vender uma lógica egoísta. A outra se perfaz por interesses subalternizados e esquecidos pela indústria estatal.

A formulação da EZLN não foi ímpar e nem será a ultima. O fator contundente é que mesmo após o transcorrer de anos tais cosmovisões ainda se chocam e por mais contrastante que seja, oferecem as mesmas entranhas logísticas, insistindo então em uma revisão subjetiva. Isto uma vez que dominadores ainda insistem em propagandear suas façanhas mascaradas e forçar a adesão a suas práticas alienadoras.

A nível exemplificador podem ser citados o embate na usina de belo monte, a construção do setor noroeste em Brasília, e a desapropriação das terras dos Guarani Kaiowá. E a característica comum que perpassa por todos esses exemplos é a insistência sistêmica de minorizar qualquer traço cultural indígena “retrógrado”.

Chegamos em um ponto social que faz-se necessário refletir sobre quais aspectos e caminhos são norteadores da sociedade. Trata-se mais de uma questão de subsistência. Vivemos sob sistema econômico que subordina todas as relações sociais ao dinheiro e ao lucro, por mais que essas relações sociais, e porque não dizer familiares, sejam de povos que sempre foram donos da terra.

A atual conjectura de lutas comprova um fato histórico, que prevalece desde tempos da chegada do dominador e suas naus. Mesmo após 500 ano continuamos vivendo sob uma ótica dominadora que eurocentrista que busca cada vez mais concentrar valores de papel e diluir valores sociais concretos.

Precisamos transpor horizontes capitais e visualizar muito mais do que o frenesi do consumo. Devemos colocar em xeque um valor central da lógica dominante que é de mercantilizar a vida. Como dizia a canção “quando teu menino lhe perguntar, papai cadê o índio e a cachoeira, diga a ele, peraí meu filho vou ali comprar.”



A ditadura da especulação - http://vimeo.com/50859076

Frenesi Hierárquico

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Compreende-se como estrato uma camada que participa de um todo e possui características peculiares que a diferem das demais. Tendo esse conhecimento como base, a própria conceituação de estrato é passível de aplicação ao contexto social, pois desde sociedades remotas condicionou-se que a divisão da sociedade em camadas a tornaria mais estável.

O frenesi do consumo, agregado ao neoliberalismo das sociedades ocidentais e ao intenso desejo de acumulação de bens é uma terra fértil para criar uma nova lógica da estratificação social, que tem aplicabilidade acima de tudo ao mundo ocidental, pois além de estruturar a sociedade em estrados, torna-os extremamente hierárquicos.

A estratificação social no ocidental é delineada com base na renda que o indivíduo possui. Esse modo de dividir os estratos estabelece as desigualdades sociais que estritamente no Brasil tornam-se notórias. Instaura-se quase uma relação de simbiose do fator renda com condição social.

A pirâmide social constituinte da sociedade capitalista, prevê o fortalecimento cada vez maior dos nós que atam as disparidades sociais, uma vez que o modo de acumulo de bens é maciça e altamente umbiguista.

A temática da desigualdade social é que deu gênese a sociologia, uma vez que esta busca propor um novo modelo social que busca combater essa distinção entre os estratos. Jean-Jacques Rousseau propôs em sua tese que os homens nasciam iguais, mas eram postos em situação desigual na convivência com os outros.

O mundo social é composto de diversas dimensões, e em cada dimensão onde está presente a desigualdade, esta ajuda a fortalecer as desigualdades em outro campo. E isso é comprobatório para mostrar que as desigualdades se tornam um ciclo vicioso de difícil ruptura.

Não é necessário retorno ao “socialismo real”. Ninguém mais defende o controle direto, pelos Estados, dos meios de produção e das decisões sobre o que produzir e como trocar. A crítica é de outra natureza. Provavelmente, muito mais profunda, porque questiona as relações sociais e simbólicas associadas ao sistema – não apenas o grupo ou classe social que está em seu comando.

Subjetividade Paradoxa

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“Na sociedade capitalista ocidental o subjetivismo tem se tornado cada vez mais sinônimo de utopia.”

        A lógica mercantilista adquirida pela indústria cultural no mundo contemporâneo, faz com que esta lance seus holofotes aos artistas que adquirem uma hegemonia e alcançam o patamar de ídolo.

                O perfil de ídolo perpassa por características, que sobre tudo devem se aliar a uma estética criada por publicitários. Estes profissionais objetivam vender uma ideologia que tenha por finalidade a alienação dos indivíduos que projetam sua atenção sobre a propaganda.

                Assim os produtos culturais viabilizam quantidade em detrimento de qualidade, e nesse ponto entram em uma das características fundamentais do ser humano, pois o homem se caracterizar como um ser social e a despeito disso ele sente a necessidade de inclusão em um grupo.

                Porém quando o indivíduo se associa a uma massa que é alienada a um ídolo, instaura-se uma problemática, pois a massa é desapropriada de uma ideologia individual e adere a uma reflexão do ídolo.

                Esta ferramenta paradoxal concede a subsistência da indústria cultural. Pois ao mesmo tempo em que ela satisfaz uma necessidade básica do ser humano, cobra em troca um preço altíssimo, o abandono de uma lógica própria.

                Portanto é necessário primordialmente refletir a logística individual e estruturar de forma mais segura as bases da subjetividade, para construir cada vez mais uma sociedade opinante que não se baseia na enviesada lógica mercantil.

Só de Sacanagem

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Um poema de Elisa Lucinda


Meu coração está aos pulos! 

Quantas vezes minha esperança será posta à prova? 

Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais. 

Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova? 

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? 

É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz. 

Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", "Esse apontador não é seu, minha filha". Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. 

Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar. 

Só de sacanagem! Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba" e vou dizer: "Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau." 

Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal". Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? Imortal! Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!

O país dos Brasis

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                O professor Sérgio Danilo Pena conduziu uma pesquisa, baseada nas leis da genética, que evidencia a miscigenação das raças no povo brasileiro. Esta fundamentou-se na amostra de DNA de 247 brasileiros e obteve mérito ao traçar as bases raciais que fundamentam toda a aquarela denominada povo brasileiro.

                A pesquisa corrobora que 97% dos brasileiros provém de um tronco paterno europeu, enquanto o tronco materno divide-se em três partes: européia (39%), ameríndia (33%) e africana (28%).

                Entretanto a constituição de um povo transpassa o horizonte racial e é efetivada mediante uma construção plural. Essa construção social transcorre de diversas maneiras, todavia um fator perpassa em todas essas construções - a luta - esta objetiva ainda mais uma solidificação social cada vez mais plural e díspar.

                Para entender então a consolidação do povo brasileiro é necessário nos remeter-nos a processo de colonização que deu-se início com a chegada de cabral a costa brasileira, para que possamos elucidar os processos ideológicos que serviram de leme para a colonização, e definem até os dias atuais as  bases da sociedade brasileira.

                O antropólogo Darcy Ribeiro cita que “surgimos daconfluência, do entrechoque e do caldeamento do invasor português comíndios silvícolas e campineiros e com  negros africanos”. Contudo essa confluência foi regida pelo invasor português de modo a induzir, desde o início da consolidação do povo brasileiro, uma heterogeneidade racial.

                Essa heterogeneidade proporcionou aos dias atuais uma gritante inter-regionalização de capital. A atual posição ocupada pelo Brasil no ranking econômico diverge largamente quando pautamo-nos na atual situação de renda do país.

                A complexidade da problemática sobre a reflexão da formação do povo brasileiro, em contraponto com a modernidade, talvez deve-se a razão de ser um país de tamanho continental, ou possivelmente pela multiplicidade de formas pelo qual se constituiu o povo brasileiro.

                Assim um fato é conclusório sobre essa reflexão. É utópico tentar capturar de uma só vez a realidade do país, por um gesto ou por uma explicação. Por mais que se tenha como identidade o povo brasileiro é concebível que vivemos em um país de vários Brasis.



Palavras Aleatórias

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Participação Política: Indispensável ou superável?

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No que tange a participação da sociedade na politica, a atual conjectura do cenário político brasileiro não favorece para que haja um preceito positivo para tal atitude. O imaginário, e não sintético ideal proposto por Platão de que a política legítima e justa era alcançada mediante a virtuosidade dos governantes, contrasta fortemente com postura pela qual grande parte dos governos tem aderido no país.

Faz-se necessário então a existência de uma reflexão sobre a participação política como sendo indispensável ou superada. Uma vez que atitudes tomadas por uma certa porcentagem de governantes tem construído um aspecto negativo que têm causado recorrentemente o abandono da legítima participação da sociedade na construção de uma política que pauta-se em interesses visando o bem social.

É visível ao redor do mundo, a evocação de lutas da sociedade que tenham por objetivo construir governos mais democráticos e transparentes para seus países. O manifesto Occupy all street e a Primavera Árabe podem ser citados a nível de exemplo, e constituem uma base provatória de que a união social em prol de um objetivo comum que tenha como finalidade uma reivindicação ao governo, tem influência para operar grandes mudanças na estruturação governamental.

Desde o momento em que o ser humano se constitui com um ser social, este passa a ser também um ser opinante, capaz de formular ideologias para realizar a estruturação de algo discutível. Este algo discutível constitui-se na política, entretanto as pessoas tem substituído sua participação opinativa em favor de discursões não-políticas voláteis, e que não influenciarão a solidificação de um governo que possua efetividade democrática e transparência.

Tal processo de “coisificação” da política efetiva cada vez mais a idéia de que é dispensável lutar por um senso comum que objetiva a melhora das condições sociais. Criando uma falsa apologia de que essa união social é inviável, e mesmo que fosse sucedida não conseguiria obter mudanças reais nos governos.

Esse recorrente pensamento solidifica cada vez mais um sociedade instável, desigual e acomodada. Possuinte de um governo egocêntrico e opaco. Esquecendo-se de lutas passadas que garantiram, a custo de muito sangue, benefícios e direitos, dos quais a sociedade atual insiste conscientemente em ignorá-los.

A Geopolítica do Oriente Médio

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Atualmente veículos da mídia tradicional têm acalorado a temática da geopolítica árabe em seus debates. Todavia essa discursão tem se passado de modo muito superficial e que por vezes transparecem um visão dirigida aos interesse estadunidenses. Tem-se conhecimento de que fazia parte da pauta de interesses geopolíticos e econômicos dos EUA a permanência dos governos ditadorias nos países árabes, umas vez que estes ditadores firmavam acordos governamentais que visassem a comercialização do petróleo, que é um recurso abundante na região.

É necessário primeiro que possamos nos remeter aos processos de mudanças que tiveram início no final do ano de 2010 na Tunísia. Estes processos referem-se à falência de um sistema político-econômico que predominou no oriente médio durante décadas. O que haveria de acontecer mais tarde era um "efeito dominó" que perduraria até os dias atuais com a luta na síria. Todo essa revolução culminaria na conhecida "primavera árabe" , que tem por propósito estabelecer um governo democrático em detrimento da antiga ditadura.

A culminância dos protestos na Tunísia ocorreu quando o jovem Mohamed Bouazizi ateou fogo ao próprio corpo em símbolo de protesto. Ele era formado em engenharia, porém devido ao governo ditadorial em que seu país se encontrava, instaurou-se uma grave crise de desemprego. Ele estava incluído na estatística dos mais de 60% de jovens que estavam desempregados. Para que garantisse a própria subsistência, foi necessário que tornasse um vendedor de frutas. Inconformado coma situação em que se encontrava protestou se autoflagelando com fogo. Devido a gravidade das suas queimaduras ele veio a falecer 18 dias após o manifesto.

Em outubro de 2011 o Parlamento Europeu distinguiu cinco personalidades ligadas à Primavera Árabe, entre as quais Bouazizi, com o Prémio Sakharov. O coordenador do Comitê de Solidariedade ao Povo Sírio, Mohamad El Kadri, declara que a primavera árabe alcançou toda essa significância revolucionária, devido ao despontamento de uma juventude em todos os países participantes da primavera árabe, que tem como objetivo comum lutar em prol da libertação ditadorial de seu país e a instauração de um governo democrático.

O povo sírio até a presente data, busca eliminar o poderio do ditador Bashar al-Assad. Kadri também afirmou que “o povo sírio fez uma escolha: quer liberdade, justiça e democracia, vai lutar contra Assad, e espero que seja breve.” Esta citação resume as intenções das forças de oposição à Bashar al-Assad, esses eventos tratam-se de processos históricos que culminaram no cenário de guerra vivido nesse país. Os anos de exploração das duas gerações da família Assad, pai e filho, desaguaram na indignação de um povo.

O pensamento unitário de liberdade e democracia dos povos do oriente médio, proporcionaram a estes a formulação de uma nova era para seus países. O ideal democrático e a união à um objetivo comum motivaram a busca por um país cada vez mais liberal no que tange o tipo de governo. Torna-se visível que a junção de um povo visionário, que consegue visualizar horizontes melhores para seu país, torna-se a mais poderosa arma civil, que tende a pautar-se em interesses sociais de uma grande maioria, em detrimento dos objetivos de uma minoria egocêntrica e ocidental.

Faça já sua revolução

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Os relacionamentos foram durante toda a história da humanidade uma hábil ferramenta para que o homem pudesse realizar seus constructos. Eles também são o meio pelo qual o indivíduo se insere em uma determinada sociedade, com valores e crenças definidas. Esses valores irão lhe servir de base para que ele realize sua própria formulação opinativa. Logo se você convive em uma determinada sociedade, sua lógica de opinião será diferenciada de outro indivíduo que vivencia outro contexto social.

Entretanto ao longo dos anos a morfologia do relacionamento tem se alterado. No mundo contemporâneo a rede de internet proporcionou uma nova forma de relacionamento. Com o advento de um mundo todo conectado os relacionados poderiam agora ocorrer a longas distâncias.

Quanto mais distante está o indivíduo da sociedade que o circunda, mais distintas são as ideologias e opiniões dele, visto que ele está inserido em um contexto social díspar. É inegável que ao se relacionar você efetue a troca de opinião, e essa troca opinativa ira efetuar a gênese a uma nova opinião.

É nesse contexto de uma incessante criação e unificação de idéias que surge o Ciberativismo. É um termo que tem origem na década de 90, aliado ao surgimento da internet, e que é definido como uma forma de ativismo realizado através de meios eletrônicos, como a informática e a internet. Visto de uma ótica simplista se resume em um “Protesto no conforto do sofá da sala”.

Por mais que a conceituação do movimento possa aparentar possuir uma logística simples, este pode alcançar um patamar de poderio muito grande. Exemplos da força do Ciberativismo podem ser visualizados em movimentos como “occupy wall street” , manifestação contra o poder excessivo dos bancos e das grandes corporações. A deposição de ditadores no oriente médio, que ficou conhecida como “Primavera Árabe”, também possuiu um caráter Ciberativista.

A constante construção de ideologias aliado a rápida divulgação das mesmas, criou um ambiente propício para que manifestações unitárias conseguissem alcançar um patamar continental. O ciberativismo é, acima de tudo, uma alternativa aos meios de comunicação de massa tradicionais, permitindo-lhes "driblar" o monopólio da opinião publica por estes meios, ter mais liberdade e causar mais impacto. Por fim, empunhe seu notebook, conecte-se a internet e faça sua revolução.

Entre ações concretas e falácias

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Vinte anos após a realização da Cúpula da Terra, ou Eco-92, o Rio de Janeiro voltou a sediar um evento que tinha a preservação ambiental como pauta, a Rio+20, ou Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável. Nos dias 13 à 22 a capital fluminense efervesceu de diversos movimentos da sociedade civil, ativistas, indígenas, agricultores, mulheres, jovens, dentre outros grupos sociais.

A Rio+20 tinha como meta estabelecer um documento que visasse ações governamentais com a finalidade de assegurar um compromisso com o desenvolvimento sustentável. Para isso 193 chefes de estado se reuniram a fim de entrarem em um consenso e viabilizar medidas para salvar o planeta. Porém o que se observou no perpassar dos dias é que as questões econômicas ainda prevaleciam nas decisões globais.

Em paralelo a conferência da ONU, foi realizado a cúpula dos povos. Este foi organizado por entidades da sociedade civil e movimentos sociais de vários países. O evento aconteceu entre os dias 15 e 23 de junho no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, com o objetivo de discutir as causas da crise socioambiental, apresentar soluções práticas e fortalecer movimentos sociais do Brasil e do mundo.

As divergências entre essas duas conferências se tornaram visíveis bem antes da conclusão dos documentos finais. A Rio+20 procurava trazer para o debate o conceito de economia verde, ao passo que a cúpula clamava por justiça social e ambiental em defesa dos bens comuns, contra a mercantilização da vida.

Quem transitou pelo aterro do flamengo, local onde a Cúpula dos Povos era realizada, conseguiu visualizar a diversidade, várias tendas foram montadas para discutir as mais variadas formas de desenvolvimento hegemônico, como os bancos comunitários, agricultura agroecológica, economia solidária, tecnologias sociais, mídias livres e diversas outras práticas que tenham como finalidade ampliar a participação cidadã e elaborar métodos reais de desenvolvimento sustentável.

A declaração final da Cúpula denunciou que “Há 20 anos, o Fórum Global, também realizado no Aterro do Flamengo, denunciou os riscos que a humanidade e a natureza corriam com a privatização e o neoliberalismo. Hoje afirmamos que, além de confirmar nossa análise, ocorreram retrocessos significativos em relação aos direitos humanos já reconhecidos.”

Expõe ainda que “A Rio+20 repete o falido roteiro de falsas soluções defendidas pelos mesmos atores que provocaram a crise global. À medida que essa crise se aprofunda, mais as corporações avançam contra os direitos dos povos, a democracia e a natureza, sequestrando os bens comuns da humanidade para salvar o sistema econômico-financeiro”.

A falta de mudanças no discurso da Rio+20, em relação a Eco-92, solidifica mais a idéia de que nos resta agora esperar pela Rio+40, afim de que possamos viabilizar de forma mais ampla se as questões discutidas na Rio+20 foram comtempladas em sua totalidade, ou se os cozinheiros que causaram esses desastres prepararam um livro de culinária que possui a ausência de receitas completas. Talvez a única coisa que mude efetivamente de uma conferência para a outra seja a logomarca.

A língua é desprovida de ideologismo?

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A expressão politicamente correto enraizou-se no inglês nas chamadas guerrasculturais dos anos de 1980 a 1990 nos Estado Unidos. Essa expressão foiinicialmente aplicada ao viés linguístico, porém adquiriu no decorrer dos anosum ideologismo muito mais amplo. A linguagem traz consigo todo um processohistórico e um sentido sociocultural atrelada em si.

O movimento politicamente corretotrata a respeito de uma análise da utilização de termos em discursos, quecarreguem algum tipo de carga histórica significativa, que possa favorecer ouinferiorizar algum grupo social. É factual que as palavras não são inocentes eesvaziadas de sentido. Porém será que uma examição detalhista da significânciadas palavras não nos subtrairia a liberdade?

É perceptível que o movimentopoliticamente correto tem adquirido um certo caráter totalitário. Qualquerpessoa que se atreva a desafiar os códigos verbais estabelecidos em supostobenefício ou malefício de certos grupos arrisca-se a sofrer punições até mesmo decunho judicial. Mas o movimento também tem provocado na sociedade uma reflexãosobre a ideologia histórica que certas palavras têm, e suas aplicações nodia-a-dia.

O caráter muitas vezestotalitário pode sim realizar certa distorção discursiva. Mas infelizmente acarga sociocultural que o Brasil possui, a despeito de sua história, faz comque pobreza e subalternidade no Brasil tenham um nome, e este nome é negro. Aformação da sociedade brasileira, por diversos motivos, criou sim umaestratificação social. A sociedade brasileira possui sim uma dívida com essesgrupos sociais que durante o período em que se constituiu o Brasil foramsubalternizados.

É também inegável a naturezadinâmica da linguagem, com sua permanente modificação de formas e sentidos. Alíngua é formada por quem a utiliza, e os processos históricos do país temconduzido a sociedade à utilização de alguns termos de forma pejorativa.

É notório que a língua, durantetoda a história, não foi e nem será um instrumento neutro. Este enunciadotangência uma discussão muito mais profunda do que se imagina. Não se tratasomente de que o indivíduo que utiliza este recurso não é neutro, mais que aestruturação, a entonação e o vocabulário utilizado não é também isento de umasignificância mais profunda.

O que é o Ponto de Inflexão?

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O mundo é refletido no século XXI de forma mais ou menos homogênea, como sendo um mundo globalizado. Anexo a essa globalização, originou-se o advento de um mundo interconectado. Essa interconexão iria proporcionar uma grande veiculação de informações no mundo.

Na época pós-moderna é substancial a procura por acesso a informação, sejam elas de qualquer cunho, tema ou tipo. O indivíduo que vive em um mundo contemporâneo e não se atem a incansável busca e seleção de informações perde consideravelmente o caráter de opinante. E desde tempos remotos tem-se conhecimento de que a opinião é uma arma poderosa na consolidação social do indivíduo.

Entretanto para que a informação alcançasse esse patamar de visualização foi necessário assentar uma forma de divulgação da mesma. A circulação de informações transcorre da mais diversas maneiras, a mais visível é através dos veículos midiáticos.

E é aí onde o perigo mora, nem sempre a transmição da informação garante a veracidade e integridade da mesma. A grande mídia é a que detém maior poder e controle da informação, e procura vender uma lógica umbiguista à macica sociedade que a busca como informante.

O Ponto de Inflexão é um blog criado com a finalidade de contrariar a ideologia mercantilista da grande mídia e dizer não ao pensamento unitário que parte dos controladores dos meios de produção. Bem como incitar ao leitor a busca incisiva de formar uma lógica própria pautando-se em uma visão ampliada da informação. Buscamos colocar no palco um outro mundo em debate.

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