Archive for setembro 2012

Frenesi Hierárquico

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Compreende-se como estrato uma camada que participa de um todo e possui características peculiares que a diferem das demais. Tendo esse conhecimento como base, a própria conceituação de estrato é passível de aplicação ao contexto social, pois desde sociedades remotas condicionou-se que a divisão da sociedade em camadas a tornaria mais estável.

O frenesi do consumo, agregado ao neoliberalismo das sociedades ocidentais e ao intenso desejo de acumulação de bens é uma terra fértil para criar uma nova lógica da estratificação social, que tem aplicabilidade acima de tudo ao mundo ocidental, pois além de estruturar a sociedade em estrados, torna-os extremamente hierárquicos.

A estratificação social no ocidental é delineada com base na renda que o indivíduo possui. Esse modo de dividir os estratos estabelece as desigualdades sociais que estritamente no Brasil tornam-se notórias. Instaura-se quase uma relação de simbiose do fator renda com condição social.

A pirâmide social constituinte da sociedade capitalista, prevê o fortalecimento cada vez maior dos nós que atam as disparidades sociais, uma vez que o modo de acumulo de bens é maciça e altamente umbiguista.

A temática da desigualdade social é que deu gênese a sociologia, uma vez que esta busca propor um novo modelo social que busca combater essa distinção entre os estratos. Jean-Jacques Rousseau propôs em sua tese que os homens nasciam iguais, mas eram postos em situação desigual na convivência com os outros.

O mundo social é composto de diversas dimensões, e em cada dimensão onde está presente a desigualdade, esta ajuda a fortalecer as desigualdades em outro campo. E isso é comprobatório para mostrar que as desigualdades se tornam um ciclo vicioso de difícil ruptura.

Não é necessário retorno ao “socialismo real”. Ninguém mais defende o controle direto, pelos Estados, dos meios de produção e das decisões sobre o que produzir e como trocar. A crítica é de outra natureza. Provavelmente, muito mais profunda, porque questiona as relações sociais e simbólicas associadas ao sistema – não apenas o grupo ou classe social que está em seu comando.

Subjetividade Paradoxa

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“Na sociedade capitalista ocidental o subjetivismo tem se tornado cada vez mais sinônimo de utopia.”

        A lógica mercantilista adquirida pela indústria cultural no mundo contemporâneo, faz com que esta lance seus holofotes aos artistas que adquirem uma hegemonia e alcançam o patamar de ídolo.

                O perfil de ídolo perpassa por características, que sobre tudo devem se aliar a uma estética criada por publicitários. Estes profissionais objetivam vender uma ideologia que tenha por finalidade a alienação dos indivíduos que projetam sua atenção sobre a propaganda.

                Assim os produtos culturais viabilizam quantidade em detrimento de qualidade, e nesse ponto entram em uma das características fundamentais do ser humano, pois o homem se caracterizar como um ser social e a despeito disso ele sente a necessidade de inclusão em um grupo.

                Porém quando o indivíduo se associa a uma massa que é alienada a um ídolo, instaura-se uma problemática, pois a massa é desapropriada de uma ideologia individual e adere a uma reflexão do ídolo.

                Esta ferramenta paradoxal concede a subsistência da indústria cultural. Pois ao mesmo tempo em que ela satisfaz uma necessidade básica do ser humano, cobra em troca um preço altíssimo, o abandono de uma lógica própria.

                Portanto é necessário primordialmente refletir a logística individual e estruturar de forma mais segura as bases da subjetividade, para construir cada vez mais uma sociedade opinante que não se baseia na enviesada lógica mercantil.

Só de Sacanagem

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Um poema de Elisa Lucinda


Meu coração está aos pulos! 

Quantas vezes minha esperança será posta à prova? 

Por quantas provas terá ela que passar? Tudo isso que está aí no ar, malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu, do nosso dinheiro que reservamos duramente para educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais, esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais. 

Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova? 

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais? 

É certo que tempos difíceis existem para aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz. 

Meu coração está no escuro, a luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam: "Não roubarás", "Devolva o lápis do coleguinha", "Esse apontador não é seu, minha filha". Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. 

Até habeas corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar e sobre a qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará. Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda vou ficar. 

Só de sacanagem! Dirão: "Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo mundo rouba" e vou dizer: "Não importa, será esse o meu carnaval, vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos, vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau." 

Dirão: "É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal". Eu direi: Não admito, minha esperança é imortal. Eu repito, ouviram? Imortal! Sei que não dá para mudar o começo mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final!

O país dos Brasis

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                O professor Sérgio Danilo Pena conduziu uma pesquisa, baseada nas leis da genética, que evidencia a miscigenação das raças no povo brasileiro. Esta fundamentou-se na amostra de DNA de 247 brasileiros e obteve mérito ao traçar as bases raciais que fundamentam toda a aquarela denominada povo brasileiro.

                A pesquisa corrobora que 97% dos brasileiros provém de um tronco paterno europeu, enquanto o tronco materno divide-se em três partes: européia (39%), ameríndia (33%) e africana (28%).

                Entretanto a constituição de um povo transpassa o horizonte racial e é efetivada mediante uma construção plural. Essa construção social transcorre de diversas maneiras, todavia um fator perpassa em todas essas construções - a luta - esta objetiva ainda mais uma solidificação social cada vez mais plural e díspar.

                Para entender então a consolidação do povo brasileiro é necessário nos remeter-nos a processo de colonização que deu-se início com a chegada de cabral a costa brasileira, para que possamos elucidar os processos ideológicos que serviram de leme para a colonização, e definem até os dias atuais as  bases da sociedade brasileira.

                O antropólogo Darcy Ribeiro cita que “surgimos daconfluência, do entrechoque e do caldeamento do invasor português comíndios silvícolas e campineiros e com  negros africanos”. Contudo essa confluência foi regida pelo invasor português de modo a induzir, desde o início da consolidação do povo brasileiro, uma heterogeneidade racial.

                Essa heterogeneidade proporcionou aos dias atuais uma gritante inter-regionalização de capital. A atual posição ocupada pelo Brasil no ranking econômico diverge largamente quando pautamo-nos na atual situação de renda do país.

                A complexidade da problemática sobre a reflexão da formação do povo brasileiro, em contraponto com a modernidade, talvez deve-se a razão de ser um país de tamanho continental, ou possivelmente pela multiplicidade de formas pelo qual se constituiu o povo brasileiro.

                Assim um fato é conclusório sobre essa reflexão. É utópico tentar capturar de uma só vez a realidade do país, por um gesto ou por uma explicação. Por mais que se tenha como identidade o povo brasileiro é concebível que vivemos em um país de vários Brasis.



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